A Nerea é uma empresa especializada em resgate em áreas remotas. Mas desta vez o resgate foi diferente. No dia 17 de maio de 2021 a Nerea foi acionada para um resgate em áreas remotas de um helicóptero que havia caído já há alguns dias no bairro Olhos D’água, em Belo Horizonte, MG.
Mas calma, uma informação importante para tranquilizar a todos é que a piloto e demais tripulantes tiveram apenas pequenas escoriações e conseguiram sair da aeronave sem maiores dificuldades. Veja abaixo a matéria da CNN Brasil:
Mas, se não era para resgatar as pessoas que estavam ali, porquê acionaram uma equipe de resgate? A resposta é aparentemente simples: Resgatar o helicóptero. Mas vamos mostrar que de simples, esse resgate não teve nada. Acompanhe o detalhamento dessa ação, que levou dois dias completos, dia 22 e 23/05/2021, com uma equipe de aproximadamente 15 pessoas.
A região do resgate:
Foto: Google Earth
Apesar de ser um vale em uma mata ciliar, a chegada até o ponto em que a aeronave estava era de fácil acesso, uma vez que ao lado tinha um condomínio e uma rua a aproximadamente 300 metros.
O Local da Queda
Detalhando um pouco mais, o helicóptero estava no vale, mais precisamente no ponto em que as duas marcações acima se encontram. Próximo havia também um curso d’água, sendo esta uma área de preservação.
Por ser uma área de proteção ambiental, fomos informados que não poderia ser feita a retirada do helicóptero pela trilha até a rua do condomínio. Esse seria o meio mais rápido e fácil, utilizando o trajeto marcado de verde no mapa anterior.
Foi justamente devido a esta dificuldade que a Nerea foi empenhada. E para retirar o helicóptero causando o mínimo impacto possível, a solução foi montar uma tirolesa para a retirada por cima da mata.
Normalmente as tirolesas comerciais, ou mesmo montadas para resgate, são usadas para a descida de pessoas ou vítimas. Para realizar a subida, como foi o caso nesse resgate, é necessário um sistema de tração mais complexo que envolveu planejamento, bons equipamentos e muito conhecimento de física aplicada à tirolesa.
O planejamento do resgate
“Tratamos esse resgate como um resgate de vitima, fizemos reconhecimento do local, com levantamento dos pontos por GPS e fotos. A partir deste momento foi iniciada a operação de resgate. Montamos um plano de resgate e um sistema de gestão da segurança em 3 dias para diminuir ao máximo os riscos e deixar os possíveis “problemas” já com solução”, disse o coordenador do resgate Nilton Nerea.
Por ter uma frente fria chegando em Belo Horizonte e com possibilidade de chuva, a equipe Nerea tentou otimizar a operação de 3 dias para 1, aumentando o número de resgatistas. Com isso, a intenção era de realizar no período da manhã a montagem da tirolesa e no período da tarde executar a subida do helicóptero.
Porém, haviam alguns pontos mais sensíveis, como já havia sido mapeado. O principal deles foi a dificuldade para passar e alinhar o cabo de aço. A tirolesa montada teve aproximadamente 180 metros de extensão, com desnível de 85 metros. E o que esses números representam? Uma tirolesa muito inclinada que requer uma maior atuação da força.
Após 07 horas de muito trabalho, foi possível tencionar o cabo de aço e finalizar a montagem da tirolesa. O içamento do helicóptero precisou ficar para o segundo dia.
O Helicóptero
- Modelo do helicóptero: R44
- Peso carregado: 1 134 kg (2 500 lb)
- Altura: 3,3 m (10,8 ft)
- Peso vazio: 657,7 kg (1 450 lb)
- Potência (por motor): 245 hp (183 kW)
Ao cair a piloto teve destreza e competência para “pousar” na mata, diminuindo assim o impacto ao solo. Com isso, ela reduziu drasticamente as lesões nas pessoas, que saíram andando e sem lesões graves. Outra redução de danos possível foi da própria aeronave.
Há grande possibilidade de recuperação da funcionalidade do helicóptero. O equipamento será enviado para o fabricante Robinson Helicopter Company nos estados unidos para ser avaliado. Lá ele passará por uma perecia minuciosa, com raio x completo e uma serie de procedimento técnicos. Por esse motivo o resgate não poderia causar nenhum dano na estrutura.
Detalhes do resgate do helicóptero
Como informado nas especificações acima, o helicóptero é muito pesado, por isso era inviável ser retirado de uma única vez através do sistema de tirolesa montado.
Por esses e outros motivos o helicóptero foi desmontado em 4 partes: motor (todo o combustível já tinha sido drenado antes) transmissão, cabine e cauda. Com essa divisão, o peso máximo era o do motor, com 450Kg aproximadamente.
Por que não usar outro helicóptero para retirar? Não seria mais fácil? Um helicóptero de carga conseguiria facilmente fazer esse resgate, MAS no local da queda existe uma linha de alta tensão energizada. Por que não desligar a energia e fazer o resgate de helicóptero? Fomos informados que para esse tipo de resgate não pode ter linha de energia próxima por causa do risco, ainda que desligada.
É importante ressaltar que a tirolesa foi montada a uma distância muito segura da linha de energia, viabilizando esse modelo de resgate.
Segundo dia de operação
Objetivo: Erguer as partes que foram divididas e subir pela tirolesa, simples assim. Porém, não foi tão fácil. Mais uma vez foi necessário muito trabalho, finalizando apenas após algumas horas de atividade noturna. Mas, conseguiram e foi um sucesso!
À equipe Nerea de Resgate
Primeiramente, PARABÉNS! VOCÊS FORAM PHODAS!!!
Foi uma equipe total de 15 pessoas, divididas em logística, apoio, coordenação e técnica vertical, o que garantiu o sucesso do resgate. O planejamento bem feito, equipamentos adequados e uma equipe completa realizaram com destreza e maestria o resgate.
Missão dada, missão cumprida.
Clique aqui e veja alguns depoimentos de quem fez esse resgate ser um sucesso!